Entrevista com o Dr. Florian Wessendorf, diretor geral da Solar Promotion International, e Monica Carpenter, diretor executivo da Aranda Eventos (Brazil). A feira e congresso Intersolar South America foi realizada pela primeira vez em 2012 como uma pequena cúpula e logo tornou-se a maior feira solar do continente sul-americano. Como sempre em mercados emergentes, as condições do mercado brasileiro continuam desafiando.
O Ministro de Minas e Energia adiou um leilão de reserva agendado para 29 de julho. A expectativa é que se negociem mais de 9 GW em projetos FV, representando 90% da capacidade inscrita no leilão. O que isso implica para o mercado brasileiro de energia solar?
Florian Wessendorf: Meu entendimento é que o Brasil está atualmente tentando reorganizar e diversificar seus leilões solares. O Ministro Coelho Filho enfatizou que o segmento FV solar é crítico para a matriz energética brasileira, e que se deve buscar novas maneiras de estimular o setor de modo que a implementação solar não dependa unicamente dos leilões. Obviamente, isso significa que, mesmo com os leilões continuando, o ministro também buscará novas maneiras de aumentar a capacidade solar.
Esse adiamento terá alguma influência no congresso?
Monica Carpenter: Sim, na medida em que será um choque de realidade para o mercado solar brasileiro. Isso significa que discutiremos como se desenvolvem os diversos segmentos do mercado, quais seriam as deficiências e os obstáculos, e quais são as novas opções para alavancar a energia solar.
Financiamento e impostos ainda são os principais desafios para o setor solar no Brasil. Onde poderia estar a solução num futuro não muito distante?
Florian Wessendorf: O Ministro Coelho Filho recentemente declarou que seu ministério vem considerando uma política energética com paridade fiscal, adicionando incentivos para produzir equipamento nacionalmente. O impacto das duas iniciativas fortalecerá o setor solar brasileiro.
O governo não pode garantir que será contratado um mínimo de 2 GW de energia FV solar por ano através de licitações – uma cifra que vários agentes do setor desejam, para assegurar o retorno dos produtores de equipamento solar que já investiram no Brasil, e para atrair novos investimentos. Os agentes do mercado já lhe deram algum retorno sobre isso?
Florian Wessendorf: Not yet. Since the Brazilian government is adjusting its solar policies at the moment, we need to wait to see what the market will really look like and what the terms and conditions for different market players will look like. It would certainly help the industry if the government could guarantee a sufficient amount of contracted solar PV each year. Whether this happens via tenders or other tools isn’t what matters.
A taxa de desemprego no Brasil está bem alta no momento (11% em julho). Poderia a solução para isso ser a energia solar ou, mais geralmente, o setor de energia renovável?
Florian Wessendorf: O país pode até estar atravessando uma crise fiscal e econômica no momento, mas a prioridade ainda é a energia solar e outras renováveis. Assim, sobre isso, a energia renovável terá um impacto na taxa de emprego, especialmente se o Brasil estabelecer uma cadeia de valor robusta no setor. Há muitas oportunidades para jovens engenheiros, trabalhadores experientes e especialistas. Numa parte do quadro, poderiam estar os investidores estrangeiros. A moeda brasileira, ora desvalorizada, está também barateando projetos; e o Brasil é essencialmente estável e confiável (por exemplo, veja os contratos de compra de energia apoiados pelo governo para 20 anos).
A formação e o treinamento de especialistas em instalações ajudará a preparar as profissões para o novo mercado de trabalho?
Florian Wessendorf: Sem dúvida. Os assuntos relacionados à energia são sempre sobre qualidade e confiabilidade. Para ser competitiva, a energia solar precisa ter um desempenho sólido por 20 anos ou mais, às vezes em condições climáticas severas. A energia solar só terá sucesso se os componentes, as instalações e a manutenção atenderem a altos padrões de qualidade, e se forem confiáveis. Portanto, é inevitável que isso exija mão-de-obra qualificada. Formação e treinamento são absolutamente cruciais para o desenvolvimento sustentável de projetos solares. É por isso que no evento deste ano focamos tão fortemente em oficinas e treinamento. Por exemplo, o Prof. Trajano ministrará duas sessões de treinamento sobre cabos, tomadas e conectores. Todo participante receberá amostras para aprender como se trabalha com esses componentes.
Original: Intersolar